sexta-feira, 10 de junho de 2016

Sobre o Inuma



Para além das discussões tradicionais sobre a relação natureza/cultura, cresce atualmente o número de investigações em várias áreas, como a filosofia e as ciências sociais, cognitivas e biológicas, atentas à interseção de certos domínios do humano e dos demais entes (seres animados e inanimados) e, por outro lado, à agência particular ou compartilhada desses atores nos mecanismos explicativos das ciências. Abre-se, assim, uma reflexão ampliada sobre as interfaces humano e não humano, com consequências diversas para os fundamentos epistemológicos das áreas do saber mencionadas, em especial a antropologia, a linguística, a filosofia e os estudos em cognição humana e não humana.

Privilegiando estudos de caráter multidisciplinar, o grupo de pesquisa está voltado para: a) a etnografia das relações humano-não humano; b) as abordagens sistêmicas, simétricas, não representacionistas e não reducionistas da linguagem e da cognição dos organismos humanos e não humanos c) as consequencias epistemológicas e éticas da observação, descrição e explicação do mundo vivo; d) o estudo sistêmico, comparado e evolutivo dos seres vivos e de suas interrelações comunicativas, sociais e ecológicas; e) a antropologia e a filosofia de ciências que investigam as relações entre o humano e o não humano; e f) as relações humano-objetos, seja no domínio da automação e das redes sociotécnicas ou no âmbito das trocas sociais estabelecidas com “coisas” ou “objetos” – artefatos rituais, imagens, canções, grafismos e nomes – em cosmologias distintas.

A partir da constatação de que o olhar para os demais seres vivos e entidades não humanas emerge como uma transformação sociocultural nas sociedades contemporâneas, especialmente na comunidade científica, o grupo de pesquisa elege como um de seus eixos centrais a relação humano-não humano e as variadas questões dela decorrentes, a exemplo das novas práticas e sensibilidades do humano ao lidar com outros organismos, da experimentação laboratorial, do manejo de seres cativos e da vida selvagem, dos direitos dos organismos não humanos e da participação dos objetos e artefatos na composição do social. Finalmente, tem-se por objetivo o estabelecimento de pontes interdisciplinares com outros pesquisadores interessados na questão do vivo, e em teorias nativas sobre a animalidade e materialidade, como físicos, veterinários, agrônomos, biólogos, geógrafos e juristas.

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